Aprender línguas é uma viagem

Моё первое сочинение
Меня зовут Петерсо, я живу в Сан Пауло. Я – переводчик. Я встаю в 7.00, а потом принимаю душ. Я завтракаю в 8.00, и на завтрак у меня кофе, хлеб и сыр. Я работаю дома и начинаю работать в 8.30. На работе я перевожу книги и документы по-ангелски и по-немецки (иногда по-испански). Обычно я обедаю в полдень, иногда в час, редко после часа. Я ужинаю в 7.00, иногда в 9.00. На ужин у меня рис, бобы, мясо и картошки. Вечером я читаю книги или смотрю телецернал на Нетфликс.

De maneira muito sábia, o escritor e teórico da tradução George Steiner disse certa vez que “Cada língua é um mundo”. E para quem se encontra nesses mundos (e nesse entremundos) que é a tradução, mais que mundo, as línguas que aprendemos durante a vida são complementos do grande universo chamado Traduzir, pois, muitas vezes, descobrimos dentro de outras línguas o que faltava naquela língua que já conhecemos, maneiras de expressar a realidade que nos cerca das formas mais diversas possíveis. O ato de aprender uma língua é extremamente enriquecedor para qualquer um, mas, para quem traduz, é quase como construir mais um espaço de comunicação dentro de si.

Decidi aprender russo no início deste ano, em um curso que a USP oferece para alunos e também para quem é de fora, nos moldes de um curso normal de idioma (não dentro do curso de Letras). Como é um curso com preço bastante acessível, tivemos sala cheia no primeiro módulo e voltamos agora com sala cheia no segundo. E já estamos pensando como continuar, pois os professores em geral são mestrandos e doutorandos da área de Russo da faculdade, e, quando a apresentação de dissertação ou defesa de tese se aproxima, eles não conseguem manter a turma – por exemplo, meu professor é doutorando e não poderá continuar. E isso já dá uma tristeza danada, mas vamos dar um jeito.

Como qualquer idioma, o russo tem suas peculiaridades, mas a primeira delas – que eu já deixei no início do texto para ficar patente – é o alfabeto. O cirílico é um alfabeto inspirado no grego, por isso não é tão complexo assim, mas tem um nível de dificuldade considerável. Não levou muito tempo para a “alfabetização”, ou para conhecer as letras e os sons de tal maneira que fosse possível ler (ainda que sem entender) o que o livro-texto nos trazia. É engraçado hoje, depois desses meses de estudo, bater o olho e saber como falar algumas coisas. Saber que, se cair por acaso em São Petersburgo ou Moscou, saberei ao menos falar “Oi, tudo bem, falo mal russo” (Здравствуйте! Я плохо говорю по-русски).

Não é a primeira língua incomum que começo a aprender – a primeira foi o árabe, em um antigo centro cultural que ficava na rua Augusta, no centro de São Paulo. Não lembro nada além dos cumprimentos, mas era encantador escrever em uma direção diferente, com letras que lembravam desenhos, com sons que o português não tem, com uma maneira de pensar totalmente distinta. Parei o curso mesmo antes de compreender os rudimentos da gramática árabe, pois o curso também tinha uma duração limitada, mas foi suficiente para me encantar (e saber que eu precisaria de muitas décadas até arranhar o árabe clássico). Mas com o russo está sendo diferente.

Aquele pequeno texto em russo lá em cima é minha primeira redação escrita de forma quase independente. Com instruções do professor e orientação quanto ao vocabulário que usaríamos, todos fomos instados a criar um texto sobre nós, à maneira dos primeiros escritos de quando aprendemos um idioma novo: quem somos, onde vivemos, o que fazemos da vida, que horas acordamos, o que tomamos de café da manhã. Para quem vê de fora, parece uma bobagem. Mas, para quem está lutando com o cirílico há pouco mais de seis meses, é uma conquista e tanto.

Se eu fosse recomendar um passatempo a qualquer um, recomendaria o aprendizado de um idioma. Todo clichê tem seu fundo de verdade, e este daqui não é diferente: Cada idioma abre um mundo de possibilidades. Todo idioma é uma viagem. E para quem traduz, então, é uma viagem de quem já imagina as maravilhas do destino e se encanta a cada nova esquina.

1 comentário Aprender línguas é uma viagem

  1. Andréia 3 de setembro de 2019 @ 22:42

    Guten nacht ! Amei este texto. Compreendo bem o prazer e alegria que o aprendizado de uma lingua traz. Nasce uma nova versao de vc mesmo a cada nova lingua. Falo alemao, portunhol, italiano, português do Brasil. Agora estou mexendo no frances e me aventurando no Tupi Guarani. Quero futuramente traduzir o tupi. Obrigada por este texto bellissimo

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