Depressão é doença, disso ninguém mais tem dúvida, por mais que as pessoas ainda teimem em tentar “alegrar” quem está depressivo, dizendo palavras de encorajamento, ou digam que é falta de seja lá o que for. É doença e precisa ser tratada como tal, do contrário continuaremos a sofrer desse mal contemporâneo e ter que dedicar um mês à conscientização para a atitude final de muitas pessoas que sofrem de depressão: o suicídio.
Nada como a maturidade para ensinar. Eu já fui um desses que considerava a depressão uma “frescura”, coisa de gente que não tinha o que fazer. E hoje, em retrospecto, vejo como eu sempre fui muito ignorante, principalmente porque não tinha por perto ninguém que eu sentisse ser depressivo. Triste, talvez. Deprimido, certamente. Mas não doente. Até que comecei a observar melhor quem estava ao meu redor, e a mim mesmo; foi quando me interessei pelo assunto e comecei leituras sobre a questão. E também foi quando me perguntei se eu tinha algum traço que poderia me levar à depressão. E essa autoanálise é constante, precisa ser.
E também esse olhar ao redor é fundamental. Nem todo mundo grita por socorro. Aliás, a maioria das pessoas sofre calada, começa a deixar a vida levar até onde der. Podem ser pessoas bastante funcionais, mas que em vários momentos mostram apatia diante do mundo. Outras vezes a pessoa não consegue levantar da cama, lhe falta vontade. Qualquer vontade. E às vezes a gente ignora esses sintomas e atribui à tristeza. E, em muitos casos, uma boa conversa basta para identificar o problema e sugerir saídas para quem está nessa situação.
E muitas vezes apenas um ouvido disposto e um coração aberto bastam, além dos tratamentos necessários.
Meu coração e outros buracos negros, de Jasmine Warga (Rocco), é um dos livros que mais me deixaram com um nó na garganta ao imaginar uma pessoa com depressão que resolve se suicidar. É a história de Aysel, uma menina que enfrenta todo tipo de pressão, pois seu pai cometeu um crime. E ela começa a sentir os sintomas de uma forte depressão e decide que vai se matar. Mas como lhe falta coragem para levar a cabo sua decisão, ela acaba procurando um “parceiro de suicídio”. Em uma passagem, Aysel deixa claro o terror que enfrenta com sua doença:
Falei desse livro aqui também.
Por isso, sempre esteja atento a quem está ao seu lado. Sempre esteja alerta à própria falta de vontade de fazer as coisas, às dificuldades em coisas que antes eram corriqueiras, como tomar banho, escovar os dentes, levantar-se da cama. Enfrentar essa doença como deve ser encarada, sempre com muito amor e paciência, é um dos caminho para vencê-la.