Estamos a três dias de uma das eleições mais importantes da década. Uma que pode representar o avanço ou o retrocesso do país. Não há como passar incólume pelo sufrágio que se aproxima, pois cada voto vai determinar o que teremos adiante. Tento compreender, do fundo do coração, quem ainda vê o candidato do PSL como uma opção viável, razoável, digna de ocupar o posto mais alto da política brasileira. Será que não enxergam mais esse posto como tão alto e elevado? Será que pensam que é uma disputa normal, um Fla x Flu político que não terá maiores consequências? É o que parece. Ou compactuam com as ideias belicosas, reacionárias, elitistas e preconceituosas de seu candidato?
Não quero crer que compactuem. Não quero, pois conheço gente que vota nele. Gente que é carinhosa. Gente que batalha demais. Então, enxergo uma resposta entre muitas que possam ser dadas: o medo. O mesmo medo que, lá atrás, moveu Regina Duarte a declarar, em propaganda do causador do caos (o PSDB, como se vê claramente na entrevista dada por Tasso Jereissati), a frase que a deixou célebre – e não de uma forma bacana: “Eu tenho medo”. E a esperança venceu o medo naquela época, e tivemos o primeiro governo feito para o povo no Brasil. Houve deslizes, problemas, erros crassos durante o governo? Claro que sim! E muitos. Mas esses erros não tiraram da gente a capacidade de amar. De se informar e cobrar, de ir para a rua mostrar o que está errado, de se expressar livremente. É um risco que corremos agora.
E, admitindo os erros, Fernando Haddad já se comprometeu a correr atrás. Olhar para quem realmente precisa. Para a base. Para a maioria.
Porém, o medo deixa as pessoas cegas. Quantos absurdos Jair Bolsonaro já proferiu a plenos pulmões? Absurdos que deixariam qualquer ser humano normal apavorado. Contra tudo e todos, contra as minorias, as mulheres, indígenas e quilombolas, gays. É chover no molhado dizer tudo isso, mas o mundo inteiro repete à exaustão para tentar fazer acordar os milhões de pessoas que ainda insistem nessa versão tupiniquim de ditador, uma mistura de Trump com Duterte, o presidente das Filipinas, com uma pitada de Hitler e muito dos generais brasileiros dos anos de 1960. Até o vice. Então, como entender essa cegueira, esse medo ofuscante?
O Porta dos Fundos fez um vídeo há pouco que representa bem o que essas pessoas querem – ou melhor, o que não querem (veja abaixo). Elas não querem “Tudo isso que tá aí”. Elas não querem o novo, querem apenas o diferente. Se o diferente será pior ou melhor, não importa. Querem o diferente, fiam-se nessa diferença, mas não analisam para saber se essa diferença fará alguma diferença na vida delas. E vai fazer muita diferença. Quando o primeiro colega de trabalho for preso. A primeira amiga sapatão for espancada na rua. Quando um primo desaparecer. Quando o filho tomar um tiro de bala perdida em briga de bar.
Mas ainda dá tempo de virar. Estamos empenhados em trazer um pouco de amor para quem já desistiu disso “tudo que que tá aí”. Não sabemos lutar de outro jeito. Quer dizer, sabemos, mas não queremos, pois sabemos também que não é a melhor saída usar as armas do inimigo: a violência, a falta de discernimento, a mentira. Seguimos com a verdade, apenas a verdade, pois ela ainda há de brilhar mais forte que a escuridão que se avizinha.
Domingo é dia de democracia. Domingo é 13. Domingo é Haddad Presidente.