Não é fácil ser desafiado.
Quando estamos em uma zona de conforto, na qual tudo conspira a nosso favor, ser desafiado nos tira do rumo. Quando vemos aquele terreno tranquilo ser remexido, mesmo que injustamente, há uma sensação que, ao menos para mim, é desconcertante. Quando isso acontece em público, então, nem se fala: o desconforto e o desconcerto são multiplicados por mil, numa conta muito modesta.
E eu fui desafiado.
A intenção da pessoa que me desafiou – ou melhor, me fez enxergar que eu estava numa zona de conforto – foi das melhores, mas a abordagem não. Problemas com franqueza, nunca tive. Ao contrário, sempre prefiro a franqueza aos rodeios inúteis que apenas tomam tempo e paciência. Porém, há maneiras e “maneiras” de ser franco e não ser desagradável, pedante. E quando a abordagem é pedante, podemos sempre ignorá-la e continuar o nosso rumo, e a pessoa o rumo dela.
Porém, quando algo é pedante, mas incomoda, o melhor é rever a si mesmo antes de virar as costas. E foi o que aconteceu comigo. Em conversas e discussões, cheguei várias vezes à conclusão que o desafio – ou o enfrentamento – foi gratuito e até um pouco injusto. E, ao contrário de virar as costas, aceitei o desafio e fiz o meu melhor para dar conta dele. Foi difícil mexer no jogo que estava ganhando, mas quando percebi que o resultado foi excelente fiquei extremamente feliz.
Infelizmente, quem me desafiou não ficou para ver o resultado. Apontou o dedo, mas virou as costas.
Ainda não sei quem perdeu e quem ganhou nessa história. Mas de uma coisa eu tenho certeza: eu saí da zona de conforto, me senti incomodado, olhei para mim e percebi que podia fazer mais. E fiz.
Não é fácil ser desafiado. Mas quando o desafio chega, a melhor maneira de lidar com ele é enfrentar, dar a cara para bater, a mão à palmatória e tentar melhorar. Sair da zona de conforto foi a melhor resposta que eu pude dar a quem me desafiou. E não foi uma questão apenas de orgulho – não vou negar que ele existiu –, mas de se enxergar e perceber que nada é por acaso. E nada é imutável.
Pois saiamos da zona de conforto. E mudemos.