Há uns anos, conheci Adrienne Myrtes num lançamento do Luiz Brás, assim, de passagem. Depois a vi diversas vezes com Marcelino Freire, pernambucana como ele, com a vontade de literatura que hoje ainda move nossa Balada Literária de todos os anos. Mas não conhecia nenhum texto dela, até que chegou aos meus ouvidos o lançamento de seu primeiro romance, Eis o mundo de fora, pela Ateliê Editorial. Uma amostrinha no Facebook e pronto: fiquei com água na boca para saber mais, ver mais da prosa da moça.
Tenho que confessar que fiquei impressionado com o texto de Adrienne. Prosa vigorosa e delicada ao mesmo tempo, leve e profunda, uma mistura que é bem difícil de se encontrar por aí. Uma prosa sem a pretensão que se vê por essas bandas, sem o nariz empinado que muita gente mostra com uma literatura capenga. A literatura de Adrienne é aquela que gira em torno do nosso umbigo, perpassa nossa pele e poderia perfeitamente estar entre as nossas próprias histórias.
Irene e Luis, dois lados de uma miríade de sentimentos, conduzem a narrativa. Às vezes ele, por vezes ela, o dueto vai aos poucos formando a história dos dois, que pode ser uma história de amizade incondicional, amor de uma vida toda. E também do passo que falta para o cadafalso, ou o passo de dança em louvor à vida. A prosa-navalha mistura-se à prosa-carinho, num jogo de sonho e realidade, de âncora e vela desbragada que apenas uma escritora de pulso firme poderia conduzir. E assim se mostra Adrienne, uma contista que descobriu o fôlego do romance com essas duas personagens tão diferentes, mas tão intrincadas que dificilmente verei novamente Irene e Luis separados. Seja pela avó de Irene, seja pela tentativa (quase hilária) de suicídio de Luis.
E pensar que era de Irene que Adrienne queria falar. Acabou falando de mim, de você, do mundo real.
Pobre autora, lindamente enganada por sua própria literatura. Vale a pena, de verdade.
Rola uma inveja de você lendo tanta gente made in Brazil
e olha eu lá! depassagem! hihihi
É só começar, môfio. Tem gente boa por aí, viu.
Belo texto … deu vontade de ler também … ou melhor … vou ler!!!!
Assino embaixo. Eu também fui conhecendo a Adrienne, sem ler seus textos. E depois do face, vim me deparar com esse fora do mundo. uma ave de asas coladas no mel, um coração cicatrizado ao maçarico. Abração, Otavio