Qual é a grande reclamação do mercado editorial, hoje e sempre? Que não há leitores e os poucos que existem não dão conta de sustentar o mercado de forma que se possa investir não apenas no best seller, mas também em outras literaturas que não aquelas que tem como principal atrativo o poder de vender. Será?
Não é novidade que o livro no Brasil ainda é uma fortuna, visto como objeto de luxo e tratado como tal pela maioria. Além do custo alto do livro, há a falta de incentivo à leitura, algo que deve ser cultivado desde o início da aprendizagem para não se tornar novidade. A leitura ainda é confundida com ócio, não com atividade, ou seja, “ele não tá fazendo nada, só tá lendo…”. Ninguém se dá conta que é possível melhorar as pessoas pela leitura ou no mínimo abrir os horizontes de muitas delas com essa atividade tão encantadora.
Então surge uma luz no fim do túnel: os livros eletrônicos. Por um lado, o livro digital é atraente para as novas gerações de leitores que consomem bits e bytes, já leem mais do que seus pais leram por conta da internet, têm blogs, atuam em redes sociais e compartilham sua vida com o mundo como se todos fossem amigos. Por outro lado, diferente do que se imagina, é possível ler e-books no computador, no laptop, no celular (com boa vontade e bons óculos para os astigmáticos). Assim, continua tão portátil como nunca. E os aparelhinhos leitores são algo à parte com suas múltiplas possibilidades.
Daí a gente entra na loja da editora, esperando que aquele livro lançado há pouco esteja entre os livros eletrônicos e mais em conta que a versão em papel. Nada. Busca outro, de outra editora e… Nada. Encontra outro livro que estava procurando, legal, na versão eletrônica. Preço de livraria? Suspira e vai jogar Angry Birds Free.
Percebem onde quero chegar?
O livro eletrônico tem o mesmo processo editorial do livro em papel, tirando a parte de impressão, distribuição física etc. Há softwares especiais para fazer os livros, ainda uma novidade no Brasil, o investimento é alto para um futuro ainda incerto. Porém, não precisamos ir muito longe para verificar, em indicadores mundiais, que o mercado de livros eletrônicos apenas cresce, tomando proporções que não poderíamos imaginar há dois, três anos. Para quem lê outros idiomas a internet e suas lojas internacionais viraram um prato cheio para se descobrir coisas que demorarão a chegar ao Brasil, se chegarem. Quem lê de verdade e descobre tantas facilidades vira freguês e gasta mesmo, sem muito titubear.
Podemos ainda falar de futuro incerto?
Posso parecer elitista agora, mas se pensarmos bem os celulares se popularizaram faz quantos anos? 10, 12? E hoje todo mundo tem e usa e gasta com ele. As novas gerações serão leitoras, as mudanças já se mostram, ainda que tímidas, nos relatórios dos órgãos de pesquisa da leitura e educação no país. E a tecnologia anda lado a lado dessa meninada.
Então é bom que as editoras revejam seus conceitos quanto ao suporte digital. Pois as coisas mudam… e muito rápido.