Há uns tempos venho mostrando uma flexibilidade quanto ao assunto livro eletrônico, mais por considerá-lo uma tendência irreversível do que por gostar da ideia de ler numa tela. Já ficou até chato comentar com ar nostálgico que sentir o cheiro do papel e a textura das páginas ainda constitui um ótimo motivo para se rebelar contra a novidade. Hoje já pode ser comparado a falar que temos saudades dos chiados dos LPs ou do barulhinho do telefone de disco.
Resolvi por inúmeros motivos me render aos ebooks, experimentá-los antes de fazer juízo apressado. Os últimos posts que fiz sobre o assunto já mostravam que logo mais eu o faria (até porque, uma das minhas facetas menos exploradas aqui no blogue é minha tara por tecnologia). Então, na onda das recentes mudanças, depois de muito ponderar, acabei adquirindo um iPad. Menos e-reader que seus rivais Nook, Kindle, SonyReader e outros, o iPad foi minha opção exatamente por isso, pois primeiro não queria gastar uma grana para ter o que eu já tenho nos livros em papel, mas desejava algo que me trouxesse também diversão e produtividade. E acredito ter feito a escolha certa.
Nem bem cheguei em casa e comecei a baixar aplicativos. Não, Angry Birds não foi minha primeira aquisição, mas foram os aplicativos iBook (da Apple), KindleApp, B&N eReader e Saraiva Digital Store. Confesso, porém, que demorei um pouco para usá-los de verdade, ainda envolvido pela novidade. E está aí exatamente um contra do iPad como leitor eletrônico: ele vai além disso e sua oferta de distrativos é tanta que a leitura, para a maioria de seus usuários, tem ficado em último plano (se é que existe).
Mas quando fui fazer a primeira experiência real de leitura, escolhi parâmetros para testar a eficácia da maquineta: escolhi um assunto que gosto muito, a literatura, porém em alemão, língua que eu obviamente leio bem, porém numa velocidade menor que em inglês e, claro, que na minha língua materna, o português. O livro se chama “Erst lesen, dann schreiben” (Primeiro leia, depois escreva), organizado por Olaf Kutzmutz, que traz 22 autores alemães contando suas experiências literárias, mas não como escritores, e sim como leitores. Ainda comentarei sobre ele aqui.
Eis a minha grata surpresa: ler na telinha é uma delícia. Entre as facilidades da leitura eletrônica estão as anotações e as marcações que se fazem num clique. Consultas a dicionários também facilitam a vida no caso de textos mais intrincados e/ou antigos. A compra de livros é muito fácil e rápida, o que também representa perigo a viciados como eu.
Bem, essas são as primeiras impressões para mim de um futuro que se consolida. As vendas de ebooks no mundo vêm crescendo espantosamente, a pirataria já surge como uma grande preocupação para as editoras e elas terão que ser rápidas para encontrar soluções. Perdas e ganhos são inevitáveis no mundo digital, mas acredito que elas se sairão melhor que as gravadoras nesse sentido.
Logo terei mais impressões sobre a leitura e a relação com os leitores eletrônicos.
Ah… e este post foi feito no iPad, no aplicativo do WordPress. Talvez isso faça também com que eu volte a ativa no blogue. Torçamos…
Interessante ler a sua postagem e a da Raquel Cozer a respeito dos livros eletrônicos.
http://blogs.estadao.com.br/a-biblioteca-de-raquel/2011/04/27/uma-breve-analise/
Abs