Eis que me vejo com o livro Muitas Peles, de Luiz Bras (Terracota Editora), nas mãos e me pergunto: não ficção? Depois do pós-cyberpunk quintessencial Paraíso Líquido e as outras incursões pelo universo infantojuvenil com Tereza Yamashita, Luiz Bras reúne as melhores crônicas e ensaios escritos para o jornal Rascunho, na seção Ruído Branco, e lança esse tomilho (um pequeno tomo) que é umlivrão. Com uma lupa sobre a literatura contemporânea, em especial a brasileira, Luiz atravessa diversos campos minados com seus textos, desde a crítica (que nada mais é do que política) à ainda pouca visibilidade da FC brasileira, passando pela literatura infantil, por afinidades eletivas, e outros poréns e contudos que dão o que pensar. Por exemplo, em Morte e Imortalidade (um dos meus textos preferidos no livro), ele discute a compreensão da finitude a partir de experiências pessoais e de outros autores. Em O autor e seu editor, divide com o leitor as agruras pelas quais passam e os choques que mutuamente se dão editores e autores. Em Cinco erros, Luiz bate um papo com nomes importantes da ficção científica nacional, indicando os erros comuns de autores, leitores e crítica quando se trata da produção de literatura de gênero.
Um livrinho que surpreende. Inclusive surpreendeu ao autor, que não esperava uma resposta tão boa do público. Vale a pena.