“Vai chover, de novo deu na TV, que o povo já se cansou, de tanto o céu desabar…” (Maria Rita, Santa Chuva)
Sopra um vento forte, primeiro, trazendo o anúncio da chuva. Depois de um dia quente, de sol radiante e muita luz, a noite pousa um manto manchado de cinza das nuvens e sopra baixinho uma brisa leve, tímida. Transforma-se em ventania, essa brisa, sem nenhum pejo de dizer a que veio, traz as primeiras gotas para mostrar seu choro incontido.
Chuva que traz o friozinho gostoso para dormir juntinho, que leva e lava as lembranças ruins que amargam a vida e turvam os olhos para novos horizontes, deixa a alma leve, solta, brincalhona, mesmo que a névoa espessa por vezes tente nos cobrir de tristeza, de mágoa.
A chuva traz o perdão. Pelo coração ferido com tantas estacas, cada uma mais profunda que a outra, novas estacas que se cravam de lados inimagináveis, que sangram nosso peito sem manchar a roupa, mas machucam tanto como se o fizessem. Nessa chuva, esquecer o passado dolorido é mais fácil, mais dócil fica o peito quando ouve o tamborilar das gotas na janela.
O concreto cinza escurece com a água do céu. Clareia o peito, chuva amiga, que se cura a cada dia.
Muito bonito!
Só vc para enxergar tantas coisas bonitas através da chuva…
Sim, provavelmente por isso e