Ignácio de Loyola Brandão é um autor de tarimba, conhecido nos meios literários, mas deveras injustiçado perante as massas. Poucos conhecem realmente suas obras e a força de suas palavras nos diversos livros que escreveu, poucos sabem que foi censurado e teve que lançar um de seus livros mais expressivos, Zero, fora do país primeiro (na Itália) antes de lançá-lo aqui, por conta da ditadura, anos de chumbo que nublaram muitas genialidades brasileiras, entre outras peripécias durante seus 71 anos (que completa em 31 de juho). Hoje, ao ler sua crônica de sexta-feira no Estadão, fiquei realmente indignado. A crônica se chama “Momentos que me encantaram na Flip”, Festa Literária Internacional de Paraty, para o qual ele fora convidado com extrema razão, por ser um representante da nossa literatura. Uma pessoa pediu uma foto, certo momento num passeio e disse “Obrigado, seu Dráuzio”. Ele, muito bem-humorado, disse “Olha, não perca no domingo, vou falar de dengue no Fantástico“. Mas não pára por aí. Um fotógrafo da festa, de uma tal revista Família, parou num restaurante onde Ignácio almoçava e pediu uma foto para reportagem. Ele disse “não, não sou escritor, apenas vim visitar a feira” quando ouviu o reporter, de pronto, dizer “Ah, você não me engana. Também sou Ivan e você é Ivan Ângelo”. Pode?
No primeiro caso até pode, pois literatura aqui dispensa comentários. Mas o segundo, fotógrafo de revista, deveria ao menos se certificar de sua informação. Será que ainda vamos ver as profissões de mídia sendo levadas a sério no Brasil?
Dica: um livrinho muito bom do moço Ignácio, que inclusive faz 25 anos este ano (o livro, claro) se chama Não verás país nenhum (clique no nome e veja o livro) com uma edição comemorativa lindíssima. Vale muito a pena, viu.
Alô Petê! Vim cá espreitar o seu cantinho da escrita. Muito bonito.
Ai que preguiça de comentar!!!!
=P