“É um doze como outro qualquer. O sol nascerá e se irá se pôr nos mesmo pontos, a lua vai nascer do mesmo jeito, as marés vão subir ou baixar conforme os mandos e desmandos da mãe natura. É um doze num mês comum, meio de ano, no qual já sentimos um cansaço desse ano e uma esperança do próximo, já planejamos nossas férias, nossos dias importantes do próximo semestre. As férias das crianças já estão por vir, os adultos também já se programam para a loucura de julho. Mas esse doze é mais um, como foi o de janeiro, de fevereiro, de maio.”
Essa poderia ser uma observação de alguém que, como dizia Drummond, está tirando férias de si mesmo. Sozinho, com o coração um pouco dolorido por um amor que foi, ou por aquele que não veio. Ou em farrapos por um amor traído, um amor sem retorno, um amor fingido. Mas hoje é um 12 especial. Aquele doze no qual o sol nasce do mesmo jeitinho como todos os outros dias, mas só nesse dia nós percebemos o quanto ele é maravilhoso. Doze no qual qualquer brisa leva nosso sorriso até as cordas das harpas, dedilhando com os anjos uma canção nova. Dia em que as marés, no seu estrondo magnífico, sussurram delícias para lua que, por acaso, redondinha, abençoa todos que têm um brilho no olhar.
Por isso, nesse doze, ame. Mesmo sem alguém, ame. Namore-se, toque-se, sinta-se. Sorria para os namorados, mas com o coração, não com aquele sorriso amarelo do solitário. Faça da festa deles a sua, da comemoração deles a sua e olhe quanta gente está ao seu lado, às vezes pedindo que você olhe para elas, às vezes com medo tomar uma atitude. Perceba, busque, renuncie, lute.
Que esse doze seja mais que um simples dia dos namorados. Que seja o dia um dia de namorar.
(Texto de 2001 – Imagem: Namorados no café, Roger Chastel – MAC USP)