La Oliphant – Resenha de Marcados, V.1

Por Débora Costa, no La Oliphant

Marcados é o primeiro livro da série de mesmo nome, escrito pela autora Caragh M. O’drien e publicado no Brasil pela Editora Gutenberg. O livro se passa em um universo distópico onde, após sofrer com sérios problemas climáticos, no ano de 2.400, um muro separa a humanidade. Os que vivem do lado de dentro, o Enclave, estão livres da pobreza e levam uma vida confortável, enquanto aqueles que estão do lado de fora, estão sujeitos as leis do Enclave e servem o mesmo em troca de recursos minímos.

Acompanhamos Gaia, uma jovem de 16 anos, que vive do lado de fora do muro. Por servir ao Enclave no ofício de parteira, assim como sua mãe, Gaia precisa entregar os primeiros três bebês saudáveis nascidos em cada mês. Os bebês levados para dentro do muro, são adotados por famílias ricas e recebem uma educação diferenciada, além de conforto e todos os recursos necessários para que tenham uma boa vida. Para todos, essa ação é considerada como um favor que o Enclave faz em relação as pessoas que vivem do lado de fora dos muros, porém suas intenções são muito mais complexas.

Na volta para casa, após seu primeiro parto, Gaia descobre que seus pais foram levados pelo Enclave para um enterrogatório, porém, ninguém consegue lhe dizer o motivo. Após receber um pacote e uma fita da ajudante de sua mãe, a jovem descobre que os pais costumavam manter uma lista com os bebês que traziam ao mundo. Sem saída, Gaia precisa descifrar os códigos da fita, mas isso revelará muito mais do que ela imagina.

“Eu estava bem, de verdade. Estava indo bem até aquela noite, quando me mandaram para fora das muralhas para interrogar uma parteira jovem e difícil.”

O livro é narrado em terceira pessoa, com foco na personagem principal – Gaia. A escrita de Caragh M. O’drien chega a ser envolvente, porém encontrei alguns pontos na narrativa que me incomodaram bastante. Apesar de ser em terceira pessoa, a autora se prende muito ao ponto de vista de Gaia, o que me impediu de ter uma visão mais ampla do que estava acontecendo na trama. Além disso, o desenrolar do enredo é um pouco lento, e alguns pontos repetem informações que já foram descritas no capítulo anterior.

Gaia é uma personagem que, apesar de não ter me agradado muito nos primeiros capítulos, foi me conquistanto conforme a história foi se desenvolvendo. A personalidade forte que ela apresenta me conquistou, porém, em alguns momentos eu não soube dizer se ela estava realmente evoluindo ou regredindo na história, por conta das decisões que ela precisava tomar.

Um ponto que me agradou muito em Marcados foi o fato de Gaia ter uma cicatriz de queimadura no rosto, e por isso sofre descriminação pela pessoas a sua volta. Acredito que este fato seja um dos principais motivos para que a personagem evolua ao longo da história, ou pelo menos, deu base para sua personalidade ser mostrada. Além disso, o fato de não termos um personagem principal perfeito – o que acontece em muitas distopias – torna Marcados um livro diferente, interessante e curioso.

“Talvez Gaia, na pressa de assumir que as pessoas estavam rindo dela, não conseguisse interpretar como as pessoas de fato olhavam para ela.”

O romance se desenvolve de uma forma bem discreta no enredo e não chega a ser um fator extretamente importante da história, já que o livro está muito mais focado nos motivos do Enclave para manter a cota de bebês. Este foi outro ponto positivo na história. Apesar de eu ser uma grande fã de romances, o fato da autora ter focado do muito mais no universo criado e no que estava acontecendo nele, fez com que o livro se tornasse uma leitura muito mais interessante ao meu ver.

Por fim, Marcados nos dá uma distopia completamente diferente do que temos encontrado no mercado literário. É o livro perfeito para quem gosta do gênero e está interessado em uma experiência de leitura diferenciada, envolvente e com personagens que te conquistam a sua maneira.

Informações: A série possui quatro livros, sendo um deles um volume extra, lançado entre o primeiro e o segundo livro – ainda não lançando no Brasil.

Fonte: La Oliphant/Blog do Grupo Autêntica

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