Sobre listas, comunidades e ajudas

A internet é um manancial. De coisas boas e de coisas ruins. De gente dedicada e de gente folgada. Não é à toa que é considerada um simulacro do mundo real, onde também há tudo isso. A dar com o pau, diga-se de passagem.

E como aqui falamos de tradução e outras maluquices, algo tem me incomodado bastante nas “famosas” listas e comunidades de tradutores. Na verdade, várias coisas me incomodam nessas listas. Elas são úteis, as pessoas sabem onde encontrar os tradutores e os tradutores podem trocar ideias. Ao menos essa é a intenção, a finalidade primeira desse tipo de lista. No entanto, na realidade, não é isso que acontece em grande parte delas. Festival de brigas de foice, impropérios e discussões intermináveis e inúteis grassam nesse tipo de lista. Para usar a palavra da moda, o bullying contra os iniciantes é um fato e até mesmo contra participantes que já estão galgando degraus na carreira, mas ainda não tem todo o conhecimento do mundo, como muitos nessas listas pensam que têm. Infelizmente, a imagem refletida nessas listas é a de profissionais ferozes, extremamente competitivos, pouco dispostos a ajudar quem quer que seja.

A não ser algumas pessoas que, no fundo, não mereciam ajuda. Desculpem pela franqueza, mas a cara de pau de algumas pessoas me incomoda sobremaneira. Pedir ajuda é uma coisa, trepar nas costas dos colegas para conseguir algo é outra totalmente diferente.

E a ingenuidade maldosa (já explico o paradoxo) de outras pessoas também me deixam bem chateado.

Aprendi quando criança que, quando se ajuda alguém, não se alardeia. Muito menos se tripudia sobre a dificuldade alheia. Menos ainda se você ajudou naquele momento, mas pode precisar de ajuda na próxima esquina. E o que vi ocorrer no mundo virtual tradutório dias atrás me deixou com nojo. A pessoa ajuda a outra num lugar, aparentemente com toda a boa vontade, e desce o sarrafo na tal pessoa em outro canto internético, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Não tenho relação com nenhuma das duas pessoas, nenhuma ligação, mas me deu pena da primeira e (mais) raiva da segunda.

Essa não é a imagem que quero para mim. Não coaduno com esse tipo de coisa, abomino. Espero que os colegas me entendam e aqueles que ainda pensam que maltratar o próximo vai ajudá-lo de alguma maneira, repensem e relembrem sua época de iniciante. Basta isso para que talvez haja uma mudança. E volte a ser um prazer participar desse tipo de lista.

4 comentários Sobre listas, comunidades e ajudas

  1. cristina carvalho 11 de fevereiro de 2012 @ 19:34

    Sei bem do que vc está falando. Por essas e outras é que não peço ajuda virtual.
    Claro que preciso. Tem coisas que nem o nativo sabe explicar – qualquer que seja a língua.
    Estudo português e inglês há mais tempo do que provavelmente vc tem de vida, e tem dias que eu me pego olhando um texto e pensando: What porra is this? como diz meu amigo Falcão. Procuro ter em mente que na internet, assim como na vida, tem gente de todo tipo e ainda sobre gente (e tipos…rs). Obrigada pelos posts, todos ótimos.
    Cris
    Fortaleza

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    1. Petê Rissatti 11 de fevereiro de 2012 @ 22:07

      Olá Cris,

      Infelizmente é o que acontece. Olha o que a gente perde: conhecer colegas bacanas, trocar ideias fantásticas com gente que tem a oferecer, mas simplesmente se recusa a ser simpática. Obrigado pela contribuição e espero vê-la mais vezes por aqui. Abraço!

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  2. kontemporaxy 12 de fevereiro de 2012 @ 00:49

    Aí eu, bem do inocente, achando que ia comentar algo superlegal falando sobre a vertigem das listas do Umberto Eco… e chego no fim sem ter uma vírgula pra falar sobre o assunto. rs

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  3. Lorena Leandro 12 de fevereiro de 2012 @ 16:04

    Não poderia ter escrito melhor, Petê!

    É lamentável que esse tipo de coisa aconteça. Infelizmente, o mundo virtual é reflexo do mundo real. Por trás da tela, existe uma pessoa. E ela é o que ela faz e escreve na internet, talvez um pouco mais potencializado por não estar cara a cara com os outros.

    Aliás, muitos são topetudos na internet, mas sabemos que não teriam coragem de falar e agir da mesma maneira no mundo “real”. Então, minha regra de ouro é: seja coerente e consistente. Aja na internet como age em qualquer outro lugar.

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