E-books: uma realidade

Quase toda semana, novidades sobre os e-books pululam nos sites especializados ou mesmo nas notícias dos jornais. A ladainha de livro físico x livro eletrônico, a briga entre defensores e detratores de cada vertente e o paúra desenvolvida pelos bibliófilos ante a possibilidade de verem seus preciosos tomos virarem bytes de uma hora para outra permeiam discussões acirradas. Mas, pergunto: quantas pessoas já viram alguém utilizando um e-reader como se fosse um iPod ou coisa que o valha, num lugar comum, numa hora qualquer? Muitas pessoas podem responder que já viram, nos cafés da moda, nas livrarias mais cool ou em faculdades ou universidades. Ouvi falar de uma escola particular em que todos os alunos de uma sala comprar o iPad e utilizam em aula. Mas ouvi dizer, ouvi falar, ouvir é muito longe da realidade.

Pois ontem, domingo chuvoso, tive o prazer de me deparar com uma cena, no mínimo, inusitada: um leitor com seu e-reader na mão e (para rimar) encostado na porta do trenzão. Isso mesmo, num trem que faz o trajeto Luz-Francisco Morato. Estava eu, lendo meu Pornopopéia de bolso (de palhaço, como diz seu autor, Reinaldo Moraes, pelo tamanho do livrinho de mais de 600 páginas), já com o braço meio dolorido por segurá-lo, em pé, numa outra porta do trenzão, quando dou de cara com um rapaz empunhando tranquilamente seu e-reader. Eu, muito do curioso, cheguei a me aproximar para saber qual era. Um Sony. Só não consegui ver o que estava lendo, mas estava virando as páginas do seu brinquedo sem se importar com a chuva e o cheiro de borracha queimada dos freios do comboio. E tive uma invejinha, sinceramente. Primeiro, porque sou um fissurado em tecnologia e sinto que logo me renderei aos e-books sem o menor pejo. Segundo, a dor no meu braço só fez aumentar com aquela visão de conforto alheia. Apenas um peso para tantos livros e tantas páginas, uma vantagem real e inequívoca dos livros digitais, além de todas as outras peripécias que esses bichinhos fazem. Alguns têm até reprodutor de música, o que possibilita ler seu livro, escutar uma musiquinha e esquecer do mundo, como aquele moço havia esquecido algumas estações atrás.

Nesse momento, enquanto o apito e a voz fanha do maquinista anunciava a estação que eu desceria, tive uma certeza: os e-books serão uma realidade muito antes do que a gente pode imaginar.

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2 comentários E-books: uma realidade

  1. Patrique 4 de abril de 2011 @ 12:03

    MAS… ainda não vêm com o cheirinho de livro antigo que eu tanto amo!

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    1. Petê Rissatti 4 de abril de 2011 @ 12:09

      Esse é um contra dos ereaders… mas logo inventam um aromatizador para acoplar neles e tudo se resolverá (veja que eu já estou me vendendo para eles… hihihi).

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